quarta-feira, agosto 04, 2010

"Estava escrito e o mundo só quis virar a página que, um dia, se fez pesada (...)"

turn the page, metallica @

Estava eu aqui, imóvel no meio desta estrada tão familiar e que já tantas vezes percorrera, numa jornada de nunca a atravessar por completo; sempre a olhar ou a virar p'ra trás. Estava à tua espera. À espera que viesses e me dissesses se me querias contigo - à espera que me guiasses. Passado um tempo, de súbito, vi-te chegar, mesmo lá ao fundo. E lá fui eu - voltei para trás -, na tua direcção. "Foi a última vez que voltaste para trás...", disseste-me, "Está na hora de avançares, porque eu estou a fazer o mesmo e não te quero aqui à minha espera, porque... Eu não vou voltar.". Olhei para ti e reparei que tinhas duas malas debaixo do braço, "Sim, já estás de malas feitas, preparadíssimo para partires.", disse-te num tom de voz firme e, no entanto, ligeiramente magoado. "E tu também deverias estar. Olha à tua volta... Já não existem razões; já nem existe sentido, compreendes? Eu prometo-te que esta é a melhor escolha para ambos.", afirmaste seguro de ti. "Eu confio em ti...", murmurei, olhando de volta para aquela estrada que me aguardava - tão longa e tão interminável, "O que é que nos vai acontecer?", perguntei. Tu sorriste-me, "Vamos ser livres.", e assim, viraste costas, seguindo o teu próprio caminho. Ainda fiquei um pouco a olhar-te, enquanto partias, tentando assimilar tudo o que estava a acontecer naquele momento, que decididamente iria mudar por completo a minha vida, e a tua também. "Do que é que estás à espera?", ouvi-te perguntar, lá ao longe. Então, e em puro silêncio, virei-te as costas e segui de volta para aquela estrada, já tanto familiar, que nunca atravessara por completo. Mas, de facto, tu tinhas tanta razão... Estávamos a fazer-nos mais mal do que bem e, simplesmente, foi-se-nos tudo. Para quê continuar a lutar se a guerra já acabou? Comecei a caminhar e, surpreendentemente, desenhou-se-me um pequeno sorriso nos lábios. Sorriso esse que carregava força, consentimento e... Esperança. "Estou à espera de encontrar tudo aquilo que mereço.", disse, apesar de saber que já estavas demasiado longe para me ouvir. E agora cá vou eu, lançando-me à estrada de cabeça erguida e de sorriso no rosto, sem quaisquer intenções de voltar para trás.

a sinceridade não cura as feridas,
mas apressa o cicatrizar destas...
obrigada e adeus 

Sem comentários:

Enviar um comentário