sexta-feira, outubro 01, 2010

o meu pedaço de mau caminho

Viste-me caída, perdida. Ajudaste a levantar-me do chão. Sacudiste-me os joelhos e beijocaste-me as feridas. Ensinaste-me a voltar a caminhar. Encorajaste-me a arriscar; a ir mais alto. Nunca me abandonaste, nem por um segundo. Andaste por todo o lado à procura de pedaços do meu coração, e reconstruíste-o. Deste-mo de volta, e eu sorri. Com o tempo, também tu o fizeste voltar a bater. Seguraste-me a mão, jurando que nunca me magoarias, como outrora alguém fizera. Vendaste-me os olhos, e eu confiei em ti. Confiava em ti mais que tudo no mundo. Guiavas-me com a tua voz profunda e eu seguia-a. Seguia os teus caminhos; nossos. Porém, à medida que o tempo passava, começaste a falar mais baixo, até te limitares a uns meros sussurros. Estes, porventura, foram ficando cada vez mais imperceptíveis. Conduziste-me a um abismo, e por lá fiquei. E tu atrás de mim. De repente, tudo voltava a depender de ti. Ou me puxavas para trás, ou empurravas-me para a frente. (…) E agora aqui estou, caída, perdida, e levo a mão ao peito… Não está lá nada; outra vez. Olho em volta e nem te vejo em lado nenhum: só deixaste para trás passos cobardes na terra, verdades ríspidas e promessas mentirosas. (…) O que farei agora? Vou fazer o que devia ter feito, em vez de teres sido tu a fazê-lo: vou levantar-me do chão e curar as minhas feridas; superar a minha derrota. E acredita que nunca mais deixo ninguém vendar-me os olhos. 

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