quarta-feira, dezembro 08, 2010

"pensar é estar doente dos olhos", Alberto Caeiro


Mas, às vezes, sinto-me doente só de ver-te.
Eu estou aqui e quero muito ver-te. E não pensem que me meto para aqui a esfalfar-me numa busca de razões para isso… Eu quero simplesmente. E eu quero que essa necessidade de ver-te, neste preciso momento, seja assim mesmo: tão simples quanto isso. Acho que desperdicei muito do tempo que passei ao teu lado a tentar perceber-te. Foi preciso que me empurrasses para longe de ti para que me apercebesse disto - pensar não deve sobrepor-se ao sentir. E, agora, de facto, a única coisa que me resta é a visão que tenho tua; a percepção imediata do teu andar descontraído, do teu olhar um tanto perdido e do teu sorriso que passa tanto por despercebido, no teu rosto. Olho para ti e capto tudo o que entregas, sem dares conta, invés de me perder a tentar descodificar as tuas (poucas) palavras, os teus (escassos) gestos e as tuas expressões (ambíguas), como costumava fazer. Porém, e assim nasce uma contradição em mim. Porque apesar de me agradar não ter de pensar sobre ti, incessantemente, optando por simplesmente observar-te com sentido; continua a doer. Mas, agora, é um tipo diferente de dor…

Antes, magoava-me muito quando não te percebia, depois de tanto pensar. Agora, magoa-me o facto de que, por mais que te observe e que olhe, não consigo saciar as saudades que sinto dentro de mim. O que me leva a pensar que, talvez, ver-te não seja suficiente… Mas pensar (muitíssimo) sobre ti parece-me demais. Onde fico, então? (…)


E, pronto, já dou por mim, aqui, a pensar em ti, de novo
Se ao menos pudesse ver-te...

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