sábado, abril 23, 2011

d) uma foto do teu animal


Dei-te o nome de Manchinha, porque apesar de toda branca, tinhas uma mancha negra no cimo da cabeça. Uma ausência de cor; uma nuvem omnipresente. Encontrei-te na rua e eras tão pequenina… Acolhi-te e amei-te como a irmãzinha que nunca tive. Adormecias todas as noites sobre os meus pés, como que com aquela necessidade de partilhares o teu calor comigo. Ainda me lembro quando me punha a estudar, sentada de pernas à chinês na cama, e tu entravas de rompante no meu quarto, sempre atenta, e empoleiravas-te em cima do meu livro, para que te desse atenção. E eu dava sempre, mesmo quando ainda me faltavam 50 páginas para ler. Sempre fui distraída, mas contigo não era assim. Sempre que chegava da escola e tu não estavas, punha-me na varanda a chamar pelo teu nome. E tu vinhas sempre. Sempre, sempre! Porém, houve um dia em que te demoraste e eu fiquei tão preocupada. Mas tu acabaste por vir, coxeando. Não mexias as pernas de trás. Eu e a Tina levámos-te à veterinária o e ela disse-nos que tinhas sofrido um golpe irreversível e que, em pouco tempo - indeterminado -, irias perecer. Uma hemorragia interna alastrava-se dentro de ti, aos poucos, e não havia nada que pudesse ser feito. Os tempos foram passando e foste perdendo a energia. Arrastavas-te pela casa, e eu ia morrendo contigo.

Partiste, mas continuas sempre presente no meu coração.

Sem comentários:

Enviar um comentário