quinta-feira, agosto 11, 2011

I'm with you.

Don't Go Away, Oasis

Eu sabia que era aquele o derradeiro último momento. Tudo o acusava: o soar tremido das palavras, o gosto agridoce no céu da boca e o constante evitar dos entre-olhares. Limitámo-nos a permanecer em silêncio, ignorando o tempo - ele já nos tirara tudo, portanto, que pior poderia ele fazer agora? - e o passar inevitável das horas. E lá nos íamos perdendo entre pensamentos, que iam sendo silenciados - um a um -, por escolha de ambos. De que nos serviriam as palavras, naquele momento? Falar de saudades e de medos, para quê! Porque haveríamos de desperdiçar o escasso tempo nessas coisas tão triviais, que ambos já conhecíamos tão bem? Lembro-me que, por um curto instante, apanhei o teu olhar e, simultaneamente, sorrimos. Era tão simples quanto isso: tudo o que poderíamos fazer era sorrir. Sorrir porque aconteceu: o resto eram coisas insignificantes. Passáramos quase que uma vida inteira a complicar o que poderia ser simples: aquele não era, de todo, o momento apropriado para o fazer. Continuámos, então, a contemplar a vista melancólica que se nos apresentava à frente dos olhos, típica daqueles fins de tarde de Verão (já com aroma de Setembro), como que absorvendo tudo o que esta nos oferecia. Tratava-se de uma espécie de despedida. Porque, na verdade, nenhum de nós sabia sequer o dia em que ambos voltaríamos àquele mesmo lugar… Quem nos poderia garantir que voltaríamos a encontrar-nos? Quem nos poderia garantir que não nos tornar-nos-íamos em pessoas completamente irreconhecíveis? Ninguém. (…) Vimos o sol poente afundar-se no horizonte, enquanto o céu outrora azul se convertia em tons de laranja; saboreámos a salgada maresia e sentimos a chegada da brisa fria que prenunciava a chegada da noite e, por fim, levantámo-nos e, com um abraço apertado de perfeito encaixe, despedimo-nos. Admito que ainda fiquei a ver-te, enquanto desaparecias ao fundo da avenida, e foi nesse exacto instante que me apercebi que aquele fora, de facto, o primeiro momento que tive contigo - depois de tantos anos - em que não me entreguei às palavras.

Afinal, aprendi mais contigo do que pensava.

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