domingo, janeiro 15, 2012

a day at the hospital


Detesto hospitais. E detesto-os especialmente quando lá vou por razões que me deitam ainda mais abaixo. Foram horas seguidas naquele quarto de paredes brancas (tal como tudo o resto), junto de alguns familiares e de ti, deitada sobre a maca. Sorrias, como sempre, e nós íamos sorrindo contigo. Apesar do medo imperativo presente vislumbrado nos nossos rostos, não vacilámos: continuámos a conversar sobre tudo e mais um pouco, como se estivéssemos num daqueles almoços de família. Cantei, dancei e ainda contei anedotas, para ver se apaziguava o nervosismo que estava, lentamente, a tomar conta do meu interior e, claro, para te fazer rir. Adorei a forma como o teu riso ecoava pelas paredes daquele quarto de hospital, como se fosse uma música. E lá íamos vendo as horas a passar por nós. E lá ia o maldito medo inundando o nosso cenário. Adormeceste e eu vim espairecer, de tão abalada que estava. (…) Tive o especial cuidado de voltar para o quarto poucos minutos antes de te virem buscar para o bloco operatório. Acordaste e olhaste para mim de repente e, nesse preciso momento, notei no teu olhar um vislumbre de pânico. Lágrimas espreitaram dos teus olhos e eu dei-te um beijinho na testa: "Vai correr tudo bem e daqui a nada estarás connosco outra vez. Prometo". Foi quando choraste que nós quebrámos completamente. E por isto é que digo que sim: tu és a NOSSA força. Mas tal não te tira o direito de vacilares e foi por isso que, no momento em que te vi a tremer, cheguei-me ao pé de ti e segurei-te. É o mínimo que posso fazer por ti, depois de tantos anos a amparares as minhas quedas. (…) 

O importante é que voltaste e, neste momento, estás aqui ao meu lado, depois de um dia juntas, aconchegadas no sofá a ver os programas que tu adoras e que eu odeio solenemente. Mas sabes que mais? Não trocava este momento por nada.

Amo-te, mãezinha.

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