quarta-feira, março 20, 2013

Tenho saudades...


Tenho saudades... Sabias? De quê, não sei ao certo. De quem? De alguém que não (mais) existe. Tenho saudades... Eu não as sinto, mas sei que as tenho, algures. Mas, entretanto, vou sorrindo. Todos os dias, sorrio, como se nada tivesse acontecido. No entanto, não finjo nada; estou bem... mesmo bem. Contudo, não me esqueci de nada. Do teu lado, vivi algo verdadeiro, nada a haver com aqueles contos de fada que ouvíamos em miúdos. Era melhor, por ser real. Eras o que eu esperava; o que eu queria para mim... E mal sabes a pena que tenho por tamanho Presente se ter tornado em meros Pretéritos Perfeitos. Sinceramente, nem quero saber o quão bem estou. Até porque sei que, algures, lá bem no fundo, num sítio sombrio que guardo cá dentro, onde raramente consigo chegar... sei que estou um autêntico caco: a querer-te de volta; a querer ver-te chegar a esta casa que deixaste vazia, a estas paredes que deixaste por pintar; a pedir que me beijes. Eu tenho saudades (...), não te deixes enganar por esta máscara, que tão bem aprendi a usar e que tão bem me esconde. Mas tenta entender-me: tornaste-te tanto e tanto te dei, para, no fim, contar tão pouco. Na verdade, eu estou realmente bem, mas não sou de ferro. E quebro, também. E também eu, por vezes, me perco em memórias e deixo-as deitarem-me abaixo. Podíamos ter sido tanto, dado tanto, tido tanto... Ou talvez fui a única que alguma vez acreditei nisto, em nós. (…) 

A verdade é que ainda te guardo uma mágoa meiga: por me teres deixado a lutar sozinha e por não me teres dado o valor que tanto me dizias que eu tinha. Acabaste por partir, deixando para trás nada mais que o eco das tuas palavras, a ressoar por um quarto vazio e uma cama desprovida da tua presença, amaldiçoada pela tua sombra adormecida. E o meu coração, que ainda bate por ti. 

E se me deixo levar por estes pensamentos, fico tal e qual como estou agora: com as saudades a pressionarem-me de tal modo o peito, que mal respiro; e os meus olhos a trespassarem já um pouco da dor que sinto. 

Não aguento pensar que tudo acabou, antes de sequer ter dado tudo de mim. 
E talvez é por isso que estou bem... Como não aguento pensar, então não penso.

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