sábado, abril 20, 2013

Costumava ser eu, a dona do teu coração.


E agora, aqui estou. Numa cama que deixaste vazia, impregnada pelo teu cheiro a café e a tabaco; a pêssegos e a manhãs chuvosas de Inverno. E eu sei. E eu sinto: tu estás, agora, ao lado dela; deitado com ela; com a sua cabeça apoiada no teu peito, que se eleva ao ritmo da tua respiração. Peito esse, onde também eu, outrora, me alçava, enquanto o sono e os sonhos se iam apoderando de mim. 

Estás a dizer-lhe as mesmas coisas que me dizias a mim? Estás a chama-la de "meu amor" e a insistir em dizer-lhe como ela é bonita, como me fazias? Também passeias com ela pela rua e, sorrateiramente, alcanças a sua mão? Também lhe fazes festinhas no cabelo, até ela se deixar adormecer? Também lhe mandas textos enormes escritos por ti, todas as semanas? (...) 

Costumava ser eu a razão do teu sorriso. Costumava ser eu a chatear-te para sairmos de casa para fazermos alguma coisa. Costumava ser eu a discutir contigo acerca de que filme é que iríamos ver nessa noite. Costumava ser eu a fazer amor contigo e a enrolar-me no teu abraço quente. Costumava ser eu a perder-me entre conversas contigo, enquanto as horas passavam fugazes e o sono parecia não chegar. Costumava ser eu, quem tu acordavas, logo pela manhã, com um beijo suave como caramelo. (...)

Já não sou eu essa pessoa, porque partiste. Partiste para outros braços, para outra cama, para outra história. E onde fico eu, agora, aquando da tua ida? Fico por aqui, perdendo-me em tudo aquilo que perdi. Fico por aqui, perdida entre lençóis e cobertores que ainda têm o teu nome escrito; sabendo que, neste momento, andas a escrevê-lo noutros, de outra pessoa. 

Mas temo que seja assim... Amar alguém. É desejar-lhe a maior das felicidades, acima da nossa e seja com quem for... mesmo que essa pessoa não seja nós. 

Sem comentários:

Enviar um comentário