terça-feira, abril 02, 2013

"Depois conta-me como foi."


E, assim, te foste… Desapareceste por entre o escuro da noite, feito sombra que se extingue com o passar do Sol. E eu nem podia estar lá para testemunhar a tua ida, de tão longe que estás. Foi a isto que chegámos, meu velho amor. Demasiado além para te puxar de volta; demasiado além para ver-te partir. Demasiado impotente para o impedir. E, por isso, se diz: o 'adeus' mais doloroso não é dito pela boca, mas sim pelo fechar do coração. E os nossos trancaram-se um do outro. E tu continuas longe… E eu continuo longe… Isso não muda. O que mudou, sim, foi a certeza da tua presença na minha Vida. E a minha, na tua. E, honestamente, não sei como lidar com isso. É-me tudo tão estranho e tão ofusco, como se estivesse soterrada numa tarde de nevoeiro, onde tudo perde a sua forma.

Agora, e aqui sozinha, choro por ti. Por mim. E pela morte de um "nós", que eu tão bem conhecia, e de que, tão inesperadamente, tive de largar. As minhas lágrimas desenham o teu rosto pelo chão. Chão este que jamais pisarás, porque partiste. Porque te mandei embora, sem sequer me aperceber. Seria errado da minha parte dizer-te que me arrependo, porque não é verdade. Aliás, o meu maior e único arrependimento foi ter-te dado as esperanças de que, um dia, tudo seria diferente. Quando - e penso que ambos sempre soubemos isso, mas escolhemos ignorar - isso nunca foi verdade.

Aquilo de que sinto mais pena é não poder estar aí, do teu lado, a abraçar-te e a dizer-te que me és tão importante, como sempre o fiz. Tenho imensa pena de não poder estar a fazer-te festinhas no cabelo, enquanto sentas a cabeça no meu colo, encharcando-o de lágrimas tímidas e silenciosas, que tanta dor carregam. Tenho tanta pena de não poder estar a misturar o meu choro com o teu, numa sinfonia de mágoa e de raiva por ter de ser assim… Sem que possamos fazer nada para o alterar. Nunca pudemos. E continuo sem perceber como é que alguma vez conseguimos sequer pensar de que seria de outra maneira. Ai, a ingenuidade do Amor.

Desculpa-me por não poder estar aí, meu velho amor, a mirar os teus olhos cansados com os meus, mais cansados ainda. Desgastados por um Amor que jamais iria dar certo, por mais que a força e o coração o quisessem. Desculpa-me não ter conseguido continuar a ser ingénua como tu. (…) Desculpa-me pelo nosso amor não ter sido suficiente.


Um dia, quem sabe? Encontrarás alguém que te mostrará porque é que comigo não resultou, (e jamais resultaria.) 

Depois conta-me como foi.

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