sexta-feira, maio 31, 2013

É querer beijar-te e não poder!


Bebi demais. Fumei demais. Meu Deus, o que é que estou a fazer? É querer beijar-te, é querer tocar-te, é querer sentir-te perto... e não poder! Não quero afugentar-te, mas bebi demais... perdi a noção dos comos, dos quês e dos porquês. Fumei demais e não sei o que é que hei-de fazer. Não consigo parar de olhar para ti, não consigo deixar de pensar nos quês e porquês. Quero beijar-te e abraçar-te na cama, Meu Deus, o que é que estou para aqui a dizer?! É desejar-te, neste momento, em que estás nem eu sei onde! É querer levar-te comigo, a sós, longe dos olhares, em segredo, roubar-te um beijo, sem saberes... Meu Deus, anda ter comigo. Quero beijar-te. Quero beijar-te. Mas porquê?! Que paixão e desejo é este, que sinto, neste momento? Bebi demais, fumei demais e estou a falar demais. Que é que hei-de fazer?

Aparece-me à porta. Quero roubar-te. Quero trincar-te. Quero possuir-te. Quero-te a ti... E se nos deixámos de quês, de comos e de porquês? Beija-me apenas!
Bebi demais. Fumei demais. Meu Deus, o que é que está a acontecer?!

quinta-feira, maio 30, 2013

O Refúgio.


Ainda te lembras dos nossos planos, meu velho Amor? Estava disposta a vender tudo o que me retivesse nalgum lado, e fugir contigo para lado nenhum. Compraríamos uma cabana qualquer no meio de nenhures, fosse ao pé do mar ou no topo de uma Montanha... já que nunca conseguimos consenso nisso. Acordaríamos, todos os dias, com a luz matinal do Sol a irromper por entre as persianas das janelas, ainda agarrados um ao outro, debaixo dos cobertores embebidos pela mistura do teu cheiro a manhãs de Inverno e do meu aroma de chuva de Primavera. Despidos de roupas, de segredos e de tudo, andaríamos pela casa, sempre descalços, trocando beijos fugazes de cada vez que nos cruzaríamos no corredor. E oh, como seriam belos os nossos dias, sem qualquer relógio a apontar-nos horários de refeições, de dormir, de fazer o que quer que fosse. Apenas estaríamos juntos, a amar-nos à flor da pele, deitados sobre a erva ainda húmida do orvalho... a olhar para o céu, a ver as nuvens passar, de mãos dadas, em silêncio... Viveríamos de gestos, de olhares, e nunca de palavras. E enquanto tu tocavas viola, com um meio-sorriso esboçado no teu rosto, eu escutaria, calada, enquanto escrevia em folhas soltas de papel. E, à tardinha, sentar-nos-íamos no nosso pequeno terraço, a fumar a Natureza, enquanto o Sol, lentamente, se perdia na linha do horizonte, mesmo à frente dos nossos olhos. E isso seria o nosso filme predilecto. Cozinharias para mim, porque eu sei como gostas de fazê-lo. E eu cantar-te-ia as nossas músicas preferidas, que tanto sei de cor. E quando a noite chegasse por completo, voltaríamos a deitar-nos, virados um para o outro, de dedos entrelaçados como os nossos respirares... E adormeceríamos sempre com a bela certeza de que, na manhã seguinte, estaríamos exactamente no mesmo sítio. Nós os dois. Duas almas. Um coração. Um momento eterno, no meio do nada. 

O nosso Amor perdeu-se, como tu de mim e eu de ti. Mas estarás sempre neste canto, no nosso lar, que tanto imaginámos e planeámos para nós os dois. Lá, nesse local, onde ambos os nossos corações se cruzam, nem o Tempo, nem a Distância, nem o próprio Destino nos conseguem quebrar... 

Lá, somos infinitos. 

quarta-feira, maio 29, 2013

Adeus, Amor que ficou por acabar.


Estou a caminho da tua porta, meu velho amor. Mas, desta vez, não vou para passar aí a noite; não vou para perder-me na tua cama desbotada, como os sonhos que nela inventámos, naquelas noites tímidas e quentes de Verão. Estou aqui, para despedir-me de ti e para partir... E, pela primeira vez, meu velho amor, não será para voltar. 

Lembro-me de estarmos tão apaixonados um pelo outro. Das músicas que pareciam escritas para nós. Do sol a queimar a nossa pele salgada, nas tardes que passávamos juntos, a sós, com o som do mar a embalar-nos. Dos beijos que tanto roubávamos, uma e outra vez, um ao outro, simplesmente porque nem mil pareciam saciar-nos por completo. E lembras-te da nossa primeira discussão? Lembras-me da primeira vez que, ao me veres chorar, esqueceste-te inteiramente do que discutíamos? Lembras-te da primeira vez que me fechaste a porta? Da segunda? Da terceira? Lembras-te de voltares sempre, com as malas todas feitas, à minha porta, sem nunca me dares justificação? (...)

Agora, quando olho para ti... não vejo nada mais do que memórias do que já lá foi. Saudades do que jamais voltará. Apego por tudo o que éramos. Mágoa pelo que deixámos escapar. Mas não vejo mais Amor. E o Amor, meu querido, onde está? Ele partiu... para não mais voltar. E nós devíamos fazer o mesmo. (...) Está na hora. O Adeus chegou. Não estás a ouvi-lo? 

Costumávamos ter tanto para dar um ao outro. Sempre foras o dono do meu sorriso, a razão do meu desesperar. Agora, ao meter a mão nas algibeiras, não encontro nada... A não ser réstias de um Castelo que, outrora, construímos juntos e que ruiu, por não termos conseguido continuar a lutar. Já lá vai o Tempo em que podíamos ter feito algo para impedir o nosso Fim. Por isso, agora, só nos resta o Adeus. Aquilo que, outrora, era o monstro que mais temíamos... Quem diria? Fomos nós dois que o permitimos chegar.

Fui ao teu encontro de bolsos cheios. Comigo, ao teu encontro, levei tudo aquilo que guardara de ti: as promessas que fizéramos em pequenos, as músicas que me dedicaste, os textos que te escrevi... E voltei a casa de mãos vazias e de coração limpo.

E que uma História nova... finalmente comece. 

segunda-feira, maio 27, 2013

O Primeiro-Amor não passa de Rascunho.


Eles conheceram-se tão novos. Demasiado novos. Naqueles tempos em que tudo era e não passava de brincadeiras e brigas de crianças. Quando a maior aventura era, discretamente, conseguirem sentar-se perto um do outro, na sala de aula. Quando o momento mais constrangedor, era cruzarem-se sozinhos no corredor. Ela costumava escrever o nome dele por todo o seu caderno de português, com corações nos i's. E ele ficava a mirá-la, de soslaio, embebido pelo constante medo de que ela reparasse. Eles eram tão novos. Demasiado, quiçá, para se aperceberem do quanto ainda tinham de crescer. E assim foi (...). Num piscar de olhos, os típicos passeios discretos pela baixa, lado a lado, a acompanharem-se um ao outro pelo caminho de casa, tornaram-se em beijos escaldantes às escondidas, para ninguém ver. E as idas ao café, onde se perdiam entre horas e horas de conversas ao som da música que tocava, num ápice, levaram às fugas proibidas e secretas, a meio da madrugada, sempre com a adrenalina de serem apanhados a palpitar-lhes no sangue. Eles cresceram e viveram tanto juntos, mesmo sem se aperceberem, e sempre com a constante crença de que tudo duraria para sempre... porque eram novos. Demasiado novos, para se aperceberem de como o Tempo lhes fugia das mãos, sem que pudessem fazer nada para o evitar. (...) Chegaram, depois, àquela idade que julgam tão adulta, onde julgam ser os reis do Destino e de tudo o resto. Mal sabiam eles, do que Este tinha planeado. Discutiam tanto, por tudo e por nada. Ela passara a preocupar-se demasiado com tudo. Ele passara a não preocupar-se o suficiente com nada. Ela criticava-o às amigas. Ele escolhia ficar do lado dos amigos. E, talvez, foi essa junção de tudo - das mentiras, das discussões, dos jogos, das promessas esquecidas de infância -, que os trouxe a uma Realidade que eles nunca haviam conhecido... 

Uma Vida, onde o outro não está presente. 

Eles conheceram-se tão novos. Demasiado novos. E, agora, com a sabedoria e a idade que tanto lhes pesam nos ombros e na consciência, apercebem-se que tudo aquilo que haviam vivido, aprendido e partilhado, transformara-se numa história de Primeiro Amor. Aquele Amor que todos temos, algum dia, e que todos, mesmo por sermos tão novos, tão idiotas, tão imaturos, deixamos escapar. Mas a culpa não é nossa, nem vossa, nem de ninguém. 

É o Tempo que tanto e tudo quebra. É o Tempo que, em crianças, nunca conhecemos, por acharmos que temos o tempo todo do Mundo. É o Tempo a (re)lembrar-nos de que há sempre uma altura para seguir, para deixar para trás... e para, inevitavelmente, crescer.

domingo, maio 12, 2013

Amizades & Desilusões

Os amigos desiludem... É uma realidade mais antiga que as próprias pedras que preenchem os caminhos e as estradas. E é exactamente isso que sinto. Como se me tivesses atirado com uma em cheio no peito, sem que eu estivesse à espera. Muito menos de ti. (...) E agora?

Para a próxima avisa-me para eu me desviar.

quinta-feira, maio 09, 2013

Eles amam-se. Mas não o dizem.



Eles amam-se. E mais... Eles são loucos um pelo outro. Mas não o dizem, por mais que a força o queira, por mais que o coração o denuncie, quando se vêem, quando estão juntos. Tudo em segredo, mas toda a gente o sabe. Ele ama-a. Ela ama-o. E não conseguem ficar juntos. Ele precisa de silêncio, como ela precisa de palavras. Ele perde-se em músicas, ela perde-se em histórias, por não se puderem perder um no outro. E há quem diga que eles deviam lutar. E há quem diga que eles deviam desistir. Mas eles não dizem nada. Só se limitam a amarem-se um ao outro, simplesmente por não saberem fazer outra coisa. Ela quer certezas, ele quer-lhe a ela. E por mais que o tempo passe, eles irão sempre pensar um no outro ao olharem para a Lua, numa noite qualquer. Eles amam-se e vão vivendo com isso, enquanto a vontade de estarem um com o outro os sufoca cada vez mais, de dia para dia. E eles vão sorrindo, tentando ignorar a saudade um do outro, que só eles a sabem. Mas não o dizem. “Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos”. Os dias passam pela Avenida onde eles, outrora, se cruzavam, mas é o sentimento que fica sempre, para recordá-los de um Amor que ambos tornaram impossível de viver, e impossível de largar. Eles amam-se, mas não sabem o que fazer. E, por isso, não fazem nada. Deixam-se estar, cada um no seu lado, e só se encontram nas imensas memórias que viveram a dois. E lá se vão afastando e perdendo, contudo, sempre guardando aquele pedaço que roubaram um do outro. Aquele pedaço deles que jamais deitarão fora, por ser a única coisa que restou. E ela ainda acorda com ele na cabeça. E ele ainda se deita, imaginando que ela está ao seu lado. E eles amam-se. Hão de-se amar sempre, até ao final dos tempos. E eles sabem de tudo. E eles sabem que ambos os seus corações para sempre baterão ao soar dos seus nomes, até ao último palpitar. Até ao último suspirar. “Até que a Morte os separe”, apesar da própria Vida já o ter feito...

Mas, quiçá, quem sabe?, um dia se reencontrem, sem estarem à espera, completamente por acaso. Talvez aí, quiçá, eles se apercebam que, no que toca a eles os dois, absolutamente nada é coincidência.

segunda-feira, maio 06, 2013

(...) porque eu só te vejo a ti.


A cidade está deserta e eu só te vejo a ti. Seguro-te a mão calada, fechada em concha sobre a minha, e pergunto-me... porque é que tudo não pode ser tão simples quanto isso? Sentamo-nos, calados, lado a lado, no banco de jardim, e os carros e as horas vão passando por nós, sem sequer darmos por eles. Porque sempre foi assim. Só te vejo a ti e a ti apenas. Disseste uma piada e eu afogo-me no teu pescoço, às gargalhadas; o meu sorriso esboça-se contra a pele gélida da tua nuca, que cheira a creme de camomila e a chuva primaveril. Parados e em silêncio, apoiados um no outro, como sempre foi, somos arrebatados pela luz da Lua, que até ali nem reparáramos nela. Somos tão egoístas juntos. Só nos vemos um ao outro apenas. Sempre foi assim. O teu braço rodeia-me os ombros e ouço-te respirar... Que magia, essa que te preenche. Sinto-te suspirar e, apesar de nem estar a olhar para ti, imagino-te a sorrir, como sempre o fazes, quando estamos juntos. Eu amo-te. Tu amas-me. E do nosso Amor, somos as únicas testemunhas. E o som do mar e os barulhos da noite, que se misturam connosco em uníssono, numa melodia improvisada com os batimentos dos nossos corações. 
"Desculpa ter-te partido o porta-chaves...", digo-te, quebrando o típico silêncio. 
Se bem que, contigo, nunca foram precisas muitas palavras. 
Pegas na minha mão, que treme ao mais pequeno toque teu, e encosta-la ao teu peito quente. 
"Não partas isto aqui.

quarta-feira, maio 01, 2013

a tua boca cheira a mentira

... e os teus beijos sabem a ilusão.

deixei de cantar, a música acabou


Ainda me lembro do sabor do teu beijo. Palpitava debaixo da língua, aquela mistura agridoce de café e caramelo. Ainda me lembro dos nossos sorrisos deitados e tímidos, por uma cama desbotada pelo tempo e pelos sonhos de um futuro a dois que ia morrendo, debaixo de nós, lentamente, como suspiros e sôfregos de um choro ensurdecido. Mas só eu é que costumava chorar. Tu, por outro lado, permanecias meio distante, no canto da sala, a mirar-me em silêncio. Quase que fingias que nem estavas lá. E assim foi... deixaste de estar. Foste-te, como o fumo de um cigarro se perde por entre o ar, como se nunca tivesse existido. só deixando para trás o aroma. Foi isso que deixaste. O cheiro da perda, da perda de alguém que claramente nunca merecera sequer ficar. Tanto de mim a ti te dei, até ficar sem nada a que me agarrar. Nua, perdida, desgastada por uma batalha que lutara sozinha, acabei por me perder mais de mim, do que te ti. É aquela sensação de eco vazio no peito, que tanto, outrora, batia insistente. É aquela ausência numa mão que já tivera o Mundo, que dela escorreu, como grãos de areia. São aqueles olhos cansados e esbatidos, que viram tamanho Castelo a ruir-se; a transformar-se em nada, sem que pudessem fazer nada para o alterar. 

Eu sou esta pessoa, que deixaste. Só me conhecia, quando do teu lado.
E, agora, sem ti... quem sou? Hei-de ser o que eu quiser. 
O meu erro foi ter querido demais ser aquilo que tu querias que eu fosse.