sábado, junho 22, 2013

Foste um desistente insistente.


Nunca gostaste que fumasse... Aliás, de uma forma pouco subtil, tentaste sempre impedir-me, mesmo sabendo que não valeria a pena. Ainda me lembro de como te desafiava: "se tu o fazes, eu faço-o também", deixando-te o mais enervado possível. Éramos tão crianças, tão idiotas um para o outro. Pior do que eu fumar, era eu mentir-te acerca disso. "Cheiras a tabaco", dizias-me, de olhar acusador, arqueando a sobrancelha. Ao que eu te respondia, "é impressão tua, nem fumei", com um encolher de ombros rápido e ríspido. "Juras?", perguntavas, num grunhido de desconfiança. "Não...", dizia-te, vendo-te, logo, a virar-me as costas e a prosseguir caminho. Não valia a pena, todas essas discussões à volta de um assunto tão frívolo e desnecessário. Mas tu não desistias... Era impressionante e irritante, ao mesmo tempo. 

Dizem que amamos mais as pessoas em determinados momentos, e eu nunca percebi como é que isso era possível. E que o amor era sempre pleno e constante, até se extinguir lentamente, como uma chama, que deixa de ter algo para se queimar. 

Olhando agora para trás, e para aqueles minutos impiedosos a levar contigo e com as tuas insistências para que deixasse de fumar, apercebo-me que foram também esses os minutos em que te amei mais ainda, mesmo quando eu pensava que tal era-me impossível. 

Isto porque, pelo menos, naqueles momentos, não desististe... 
alguém que sempre desistiu de tudo.

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