sexta-feira, junho 13, 2014

Quando te perdi (e então?)


Quando te perdi, disse a mim mesma que jamais voltaria a encontrar ninguém que me amasse como tu. Que me olhasse da maneira como me olhavas. Que me fizesse sentir tudo aquilo que senti do teu lado.

Quando te perdi, chorei durante 7 dias seguidos. Chorava, sem sequer reparar de imediato. Chorava, por mais que me contivesse. Chorava, porque parecia ser a única maneira de soltar toda a mágoa que continha cá dentro. E quando eu pensava que já se me haviam esgotado todas as lágrimas, eu desatava a chorar outra vez.

Quando te perdi, não tive uma boa noite de sono durante 15 dias. Deitava-me sem vontade alguma de acordar, no dia seguinte. Deitava-me, revirava-me na cama, por entre lençóis mais embaraçados que a minha cabeça, e nem pregava olho. Nuvens azuladas desenhavam-se debaixo dos meus olhos cansados, falecidos, sem esperança.

Quando te perdi, senti-me perdida de mim mesma. Deparava-me com o meu reflexo e nem me reconhecia. Achei que jamais voltaria a ser eu. E de que me serviria ser eu própria, se foi exactamente isso que te afastou de mim?

Quando te perdi, senti nojo da realidade que me rodeava... completamente desprovida de ti. Disse a mim mesma que jamais me iria conseguir sentir bem daquele jeito. Que jamais voltaria a ser feliz e completa. Que nunca nada voltaria a ser como era. (...)


Acabei por descobrir, 60 dias depois, que só um pensamento meu estava certo: tudo seria diferente a partir de agora, sem ti ao meu lado. Mas por entre esses dias, voltei a encontrar-me, num dia qualquer, quase sem notar. Olhei-me ao espelho e sorri para mim, levando a mão à cicatriz que deixaste no meu peito... que ainda batia. Sim, batia, mesmo quando eu já havia começado a pensar que estava morta por dentro.

Quando te perdi, perdi-te só a ti. E por muito doloroso que tenha sido, fez-me perceber o quão tenho de me amar mais a mim. Sequei as lágrimas, arrumei num baú tudo aquilo que me fazia lembrar-te e saí à rua. Eu sabia que não ia encontrar-te mais, por entre todos estes caminhos e, pela primeira vez, isso não me assustou, nem me fez chorar. Fez-me, por outro lado, olhar em volta e ver tantas pessoas... Ver que ainda há um mundo por aí à minha espera. Alguém que venha para ficar. Voltei a acreditar em todas aquelas coisas que deixara de acreditar, quando te perdi.

Quando te perdi... perdi-me para, depois, me voltar a encontrar.

Talvez o meu erro foi esse mesmo... pensar que precisava mesmo de ti para me achar a mim mesma, quando, na verdade, não preciso (mais) da tua ajuda. Eu basto-me. E que sensação libertadora é essa!...

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