segunda-feira, junho 16, 2014

Talvez, um dia. Um dia, talvez.


Um dia vais perceber que fomos feitos para mais do que isto. Só espero que, nesse dia, eu já não tenha encontrado algo melhor.

Um dia vais entender que vale sempre a pena continuar a lutar, por mais que nos mandem parar. Por mais fácil que seja o desistir. Por mais armas que nos faltem.

E tu costumavas dizer “já nem temos razões para acreditar”. E, aí, eu devia ter-te dito: “basta-nos uma”. Mas não o fiz. Já nem me lembro porquê.

Um dia vais sentir falta dos nossos passeios pela rua, meu amor. De misturarmos o doce do meu cappuccino, com o amargo do teu café. De darmos as mãos, às escondidas. Das nossas fugas por entre a madrugada, com a adrenalina a fervilhar no nosso sangue. Um dia vais aperceber-te que podíamos ter repetido tudo. Mas a tua cobardia e a tua preguiça não to permitiram voltar.

E tu costumavas dizer “vives tanto de contos de fadas. Acorda”. E, aí, eu deveria ter-te dito: “e tu perdes-te tanto na escuridão. Sai daí”, mas também não o fiz. E tu deixaste-te ficar. Ainda aí estás.


Um dia vamos arrepender-nos de não ter falado mais. Lutado mais. Amado mais. Só espero que, nesse dia, não seja tarde de mais para nós dois.

E, quiçá, um dia, nós compreendamos, finalmente, que temos de nos deixar de distracções. Um dia, deixarás a droga e eu deixarei a vida da noite. Um dia, arranjarás coragem no meio desse teu medo imperativo, e eu conseguirei batimento neste coração morto. Um dia, apanhamos um avião e planeamos um encontro no nosso local secreto. Mas, desta vez, será ao mesmo tempo. E não em dias diferentes.

Talvez, um dia. Um dia, talvez... voltes a lembrar-te da razão porque me amaste, em primeiro lugar. E, talvez, só talvez... dessa vez... venhas para ficar.

Sem comentários:

Enviar um comentário