terça-feira, outubro 21, 2014

O que podíamos ter sido (?)


O que podíamos ter sido? Nunca o saberei. Já lá vai. Já passou. É isto que mais me desconcentra acerca do Amor... Como num momento, é tão grande e é tão tudo; tão maior do que todas as outras coisas. E depois? Perde-se por uma coisa de nada, e tão dificilmente se volta a encontrar.

Marcaste-me como ninguém. Até agora. À noite, sou embalada pelas palavras que costumavas sussurrar-me ao ouvido. Como se ainda estivesses aqui a dizer-mas. Fujo do sono, com medo de as perder para sempre – como te perdi a ti. E, neste quarto, ainda sinto o teu aroma sóbrio a noites de Inverno. Como se estivesses cá estado ontem. E à flor da minha pele, ainda sinto o ardor da tua. Mesmo que já faça uma era desde a última vez que me tocaste.

O que podíamos ter sido? Não sei. Mas sei o que fomos, outrora. Fomos tudo aquilo que conseguimos ser. Acreditas em mim? Acreditas em mim, quando te digo o quão felizes fomos? E nem nos apercebíamos disso na altura. Limitávamo-nos a viver e a amar como se fosse para sempre... O amor é mesmo assim. É ignorar o fim a cada esquina. O adeus a cada final do dia. E o pesadelo que seria a vida sem o outro.


Mas o fim apareceu-nos, meu velho amor. Como nunca esperáramos, mas como seria de esperar. O para sempre tem o tamanho que nós lhe damos, e nós tivemos o nosso. Ao teu lado, nunca contei dias, momentos, horas ou o que quer que fosse. Soube-me tudo a infinitos. Amar é mesmo isso, sabias? É viver cada dia ao lado de quem amamos como se fosse o primeiro e o último, simultaneamente.

Podíamos ter sido mais. Podíamos ter sido menos. Mas o Amor nem é nem mais, nem menos. É. Simplesmente é. E nem sabes o quão feliz me encontro por poder dizer – em voz alta – o quanto o vivi contigo.

Não escolhemos quem amamos. Não escolhemos quem nos magoa. No entanto, a escolha é nossa no que toca a quem vale a pena amar. E por quem vale a pena sofrer. Amar-te foi um privilégio e sofrer por ti foi uma honra. E como poderia arrepender-me do que quer que seja no que toca a ti, se foste a escolha que mais quis em tempos?

Respeitem o amor. As suas questões, os seus dramas e também o seu fim. Muitas vezes, ao tentarmos salvá-lo, agarramo-lo com demasiada força... acabando por sufocá-lo. Obrigada por me teres ensinado que, muitas vezes, amar é deixar ir. Deixar ser livre para voltar, ou não voltar nunca mais. Logo se vê.


O que podíamos ter sido? Nunca saberemos. Já lá foi. Já passou. E, no entanto... Teremos sempre o nosso para sempre lá atrás. Imortal e enclausurado nas memórias que vivemos a dois: nos lugares, nas músicas, nos gestos, nos segredos. Algures num tempo qualquer.

O Amor é assim. Não é passado, nem presente, nem futuro. É. Simplesmente é. Por mais que nem faça sentido... Por mais que os tudo's virem nada's. O Amor é mesmo assim. Acreditas em mim quanto de digo que não mudaria nada?

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