segunda-feira, setembro 14, 2015

ADEUS, Ó MINHA TERRA!


Tamanha é a minha dor, enquanto me despeço de ti, ó minha terra. Passeio por entre estes caminhos, enquanto a maresia me despenteia, e só quero absorvê-la e levá-la comigo. Quanto tempo até à próxima vez? Até à próxima vez que o meu olhar poderá pousar neste mar, como se de uma gaivota se tratasse? Até ao próximo dia em que poderei acordar no meu lar, rodeada de quem mais amo? Até à próxima noite que passarei por todos os lugares que já conheço de cor? Pudesse eu levar tudo isto comigo…

Quem me dera que o tempo parasse. Não peço para sempre, porque a vida continua. E o que tem de ser, tem muita força. Força, essa, que me leva para longe de ti, ó minha terra. Mas eu só pedia mais um dia. Mais um dia contigo, a saborear a tua água salgada e a mirar os campos verdejantes mais esbeltos que a minha vista alguma vez alcançou.

As minhas lágrimas sabem a sal. Estas, que me jorram dos olhos, tal qual a chuva morna das noites de Verão que aqui passei. E o meu peito ressoa em eco, como as cagarras junto à costa. E, aí, eu apercebo-me do quanto o corpo e a alma são coisas tão separáveis. Eu hei-de partir, mas essa parte minha - essa alma - descansa aqui. Por entre os grãos de areia, banhados pelo atlântico. Por entre o nevoeiro lá no alto do mato. E por entre os corações que aqui deixo para trás.


Quem me dera que o tempo parasse. Só mais um dia te pedia. Mas eu sei que não posso pedir-te mais nada, ó minha terra, quando já me deste tanto e tudo. Eu sou quem sou por ser de ti. Eu amo como ninguém e sempre em força, porque foste tu o meu primeiro amor. Eu sou quem sou por ter nascido aqui, num meio tão pequeno, mas que me permitiu ser tão maior.

Deixo-te, mas também me deixo a mim. Jamais poderia ir inteira. Porque no meu sangue corre-me o basalto negro e no meu peito arde-me um coração de vulcão. Portanto, não chores por mim, nem pela minha ida… Sou eu quem chora, agora, enquanto me despeço de ti com o olhar. Miro a montanha imponente, ao longe, e só consigo pensar: o quão grandiosa tu és capaz de ser, ó minha terra. E eu espero fazer-te orgulhosa, por mais longe que o destino me mande.

Eu serei sempre tua. E tu serás sempre minha. É este o amor de que nunca ninguém me tinha falado, porque tem de ser sentido (apenas). Este, que não pede nada em troca. Este, que não pára de bater, nem nunca se demove. Este, que não reconhece quaisquer distâncias ou tempos. Este que nasce e que, connosco, morre.


Pudesse eu ter só mais um dia,… mas para quê? Um dia jamais me bastaria para afogar todas as saudades. Estas que já me arrebatam, quando ainda nem sequer parti. E depois? São essas as piores. São essas as que nos avisam das que (ainda) estão para chegar.

Adeus, ó minha terra. Não esperes por mim. Continua a ser tão bela e tão minha, que, um dia, em breve, eu hei-de voltar. Para mergulhar nesse mar e sentir esse sol, melhores que quaisquer outros. Para me perder dos dias e das horas, como em mais nenhum lugar.

E haverá melhor lugar do que tu? Não, ó minha terra. Tu serás sempre tu(do).

Sem comentários:

Enviar um comentário