domingo, dezembro 11, 2016

TIRASTE-ME AS PALAVRAS, MEU AMOR...


Numa conversa assim meia aleatória com umas amigas lá em casa, uma delas constatou um facto do nada: “Daniela, estás tão apaixonada, mas nunca mais escreveste…”. As suas palavras ecoaram por entre as paredes da sala e da minha cabeça, ao passo que me apercebia de que aquilo era mesmo verdade. E porquê?, perguntei de mim para mim. Porque é que nunca mais escrevi, ainda por mais agora, que ando a sentir tanto e tudo?

Eu não ando a escrever, mas ando fazer outras coisas. Ando a entrar e a sair de comboios, como nunca o fiz na vida. Nem nunca pensei que alguma vez fosse gostar tanto de o fazer: da azáfama de correr pela estação fora, para apanhar o comboio que mais depressa me levará a ti. E eu bem sei que não ando a escrever, mas ando a andar mais do que nunca. Junto ao mar de mãos dadas, enquanto o sol se põe; e por todas as praças lisboetas enfeitadas pelas luzes de Natal, com os teus braços à minha volta… Eu não ando a escrever, mas ando a amar. Como nunca antes fiz.

Ainda hoje te disse isto: “nunca pensei que amar fosse assim”. Nunca pensei que o amor fossem tantos sorrisos, uns a seguir aos outros, que até lhes perco a conta. Nunca pensei que fosse possível sentir-me tão triste enquanto tenho tantas saudades tuas, e tão feliz ao mesmo tempo, por saber que, finalmente, sinto a falta de alguém que merece que eu a sinta. “E tu mereces todas as pontas das minhas saudades”, disse-te, também. “Ainda bem que te mostrei tudo isso”, respondeste-me… Oh, meu amor… Tu mostraste-me mais do que eu alguma vez poderia pôr por palavras.


Eu não ando a escrever, mas ando a beijar-te os lábios durante as viagens de metro. E a beijar-te no chão da minha sala, ao som das nossas músicas favoritas. E a beijar-te ao longo da minha cama, enquanto o sono não vem. Eu não ando a escrever, mas ando a viver tanto, como nunca pensei ser possível. A viver o dia a dia contigo do meu lado. A viver os momentos que passamos tão juntos, a rir e a brincar que nem crianças, como que a amarem pela primeira vez.

E tudo isto me sabe tanto a ‘primeira vez’. Ainda ontem to disse, enquanto chorava; enquanto o medo me ia corroendo pelo corpo, entorpecendo todos os meus sentidos… É tudo tão novo para mim, amar-te como te amo; preferir magoar-me a mim mesma, do que a ti. E eu nunca senti isto na pele como sinto agora: o querer fazer-te feliz, para que eu também o seja. E toda esta felicidade é tão diferente de tudo o que já conheci. E eu amo-te tanto e, pela primeira vez, sinto que a pessoa do outro lado - tu - também me ama de volta.

Eu não ando a escrever, porque as palavras não me chegam (mais) para descrever absolutamente nada. Como posso eu descrever a quem quer que seja, o quão maravilhosos se tornam os meus dias, assim que me ligas a dizer que vens para Lisboa à toa, só para passares umas horas comigo? Como descrever o sabor dos teus beijos, capazes de me arrancarem da mais cruel das realidades? Como descrever a sensação de adormecer e de acordar contigo, como se desde sempre tivesses pertencido a esta casa?


Como descrever as saudades lancinantes que sinto de imediato, assim que me despeço de ti junto aos malditos comboios, que tanto amo e odeio, por serem eles que te trazem e que te tiram de mim? Eu não ando a escrever, porque nenhumas palavras serão alguma vez suficientes para descrever tudo isto que sinto. E tudo isto é tão teu e tão nosso, e eu adoro que assim o seja.

Eu adoro-nos. Eu adoro que tragas ao de cima o melhor de mim. Eu adoro que me acalmes os medos e que me faças andar de elevador. Eu adoro que sonhes comigo, que faças planos futuros a contar comigo, e adoro que me trates tão bem: principalmente naqueles momentos em que não consigo fazê-lo. Eu adoro que os meus amigos te adorem, e que tu adores a pessoa que eu sou, por mais que me seja difícil acreditar nisso mesmo. Eu adoro-te tanto… por seres tu…

… e por me deixares ser (sempre) eu.